sábado, 23 de julho de 2011

O sorriso dos lagartos


De tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantar-se o poder nas mãos dos maus, o homem chega a rir-se da honra, desanimar-se de justiça e ter vergonha de ser honesto
Rui Barbosa

O pior tipo de pessoa que existe é aquela que na sua frente é de um jeito, mas pelas suas costas é de outro. Sabemos, todos nós, e por experiências próprias, que o ser humano tem na natureza a falsidade como uma estratégia de sobrevivência. Uns em maior ,outros em menor grau, mas todo mundo finge gostar ou ser gentil com alguém de quem não se agrada tanto quanto demonstra.Vivemos em sociedades ainda muito atrasadas, por isso o orgulho e a busca de reconhecimento trazem consigo a necessidade quase inadiável de aparentar algo que não se é, transformando em gênero de primeira necessidade nos relacionamentos entre as pessoas a desfaçatez e a ironia.
Transladando esse assunto das relações pessoais para o mundo dos negócios e para a política, encontramos vários casos de pessoas que fingem ser algo que não são. È o famoso naipe dos criminosos de colarinho branco e os pequenos e grandes estelionatários. Aliás a palavra “estelionatário” é etimologicamente derivada do latim stellio onis, nome de uma espécie de lagarto que muda de cor para passar despercebido. Quando estamos diante de alguém que possui uma eficiente lábia e um potente poder de convencimento dizemos popularmente que estamos diante de um “171”.Alusão ao artigo 171 do código penal brasileiro que define vários tipos de estelionato e fraude.
O pior tipo de bandido que existe é aquele que rouba e não tem coragem de assumir que é um ladrão, é aquele sacaneia, que frauda, que comete tramóias e falcatruas, mas nunca admite seu delito, quer o tempo todo se fingir de bonzinho e bancar o mocinho é o disfarce dele.Desde as origens das civilizações que existem  pessoas que são "golpistas" e que se dedicam a por em prática vários tipos de fraudes, armadilhas, sistemas e esquemas para enganar e roubar o próximo.No Egito antigo existiam pessoas que fraudavam ricos e nobres vendendo falsos gatos e outros animais embalsamados para suas cerimônias fúnebres. As múmias de animais fraudulentas, na realidade, continham somente gravetos e algodão, em alguns casos continham também pedaços de ossos de outros animais. 
Olhos abertos sempre, confie sempre desconfiando, contra a falsidade e para se livrar ou pelo menos evitar ser passado para trás pelos “lagartos”, não seja ingênuo de acreditar somente em gentilezas ou em “bons mocismos”. Exija  de si mesmo um controle de qualidade sobre seus relacionamentos e seja criterioso em quem você deposita sua confiança.
Enquanto o lagarto sorri, a cobra fuma.