terça-feira, 12 de outubro de 2010

O debatedor

Bate-boca é uma altercação geralmente acompanhada de acusações, ridicularizações e deturpações do real sentido do assunto que estava sendo discutido. O objetivo dos contendores nesse caso é impor sua opinião através da ironia, do deboche e do prazer egoísta de ter razão, um desdobramento de um prazer básico da natureza humana chamada competição.
Já o debate é uma discussão amigável entre duas ou mais pessoas que queiram apenas colocar suas idéias em questão ou discordar das demais, sempre tentando prevalecer a sua própria opinião ou sendo convencido pelas opiniões opostas.A vida em sociedade torna necessária a convivência pacifica entre nós cidadãos que temos opiniões diversas. As divergências entre as pessoas são coisas comuns e seguem a lógica de um antigo ditado popular: cada cabeça uma sentença.De forma que jamais haverá consenso sobre um assunto porque cada um de nós com sua carga cultural e convicções formam um julgamento subjetivo sobre qualquer questão que seja polêmica. A opção pelo debate ao bate-boca é sempre a mais valiosa para qualquer discussão e sobre qualquer assunto.Se alguma conclusão nascer certamente será após um honroso debate sem ataques pessoais.
Arthur Schopenhauer escreveu “A Arte da Controvérsia” onde prova que se pode vencer um debate “quer se esteja certo ou errado, por meios lícitos ou ilícitos”.Um exemplo é usando significados diferentes das palavras do seu oponente para refutar a argumentação dele. Exemplo: a pessoa A diz: “Você não entende os mistérios da filosofia de Kant”. A pessoa B replica: “Ah, se é de mistérios que estamos falando, não tenho como participar dessa conversa”.Pinça-se um tópico do assunto para em seguida distorcê-lo.Numa discussão qualquer argumento pode ser refutado até que numa possível réplica possa ser reforçado ou defendido.
Tenho paixão por política e também por debates, porém tenho em minha conduta tolerância a opiniões contrárias as minhas e procuro provar meu ponto de vista com polidez, conhecimento e respeito ao meu divergente.Quando alguém assume uma atitude de sistemática crítica, usando qualquer palavra desqualificante, a discussão fica muito mais parecida com um bate-boca do que com um debate.
Aquele que quer medir forças e não confrontar idéias não merece ter na mão um teclado, caneta ou microfone, mas um bastão.
Ao contrário do que dizem, acho totalmente possível se discutir política e religião, porém depende com quem.

Pérolas aos porcos

A atual discussão política na internet expõe as paixões dos usuários da rede e a polarização da disputa eleitoral do segundo turno entre Serra e Dilma. Mas a grande verdade é que quem realmente importa, ou seja, a parcela do eleitorado que decidirá esse pleito não participa e nem se congratula ou se digladia através das redes sociais ou e-mails. Essa guerra de boatos e essa onda de preconceitos entre as pessoas mais abastadas e mais escolarizadas do país não atingirá a população menos favorecida.
Para reforçar a minha tese cito a cronista demitida do Jornal “O estado de São Paulo” por “delito de opinião”, Maria Rita Kehl em “Dois Pesos” : “Se o povão das chamadas classes D e E – os que vivem nos grotões perdidos do interior do Brasil – tivesse acesso à internet, talvez se revoltasse contra as inúmeras correntes de mensagens que desqualificam seus votos. O argumento já é familiar ao leitor: os votos dos pobres a favor da continuidade das políticas sociais implantadas durante oito anos de governo Lula não valem tanto quanto os nossos. Não são expressão consciente de vontade política. Teriam sido comprados ao preço do que parte da oposição chama de bolsa-esmola.
O Brasil tem a estrutura social típica de qualquer nação capitalista contemporânea em desenvolvimento, com três classes distintas, onde o maior contingente populacional se encontra classificado como parte das classes sociais mais baixas. Segundo critérios da Fundação Getulio Vargas poderíamos dividir as classe sócias brasileiras da seguinte maneira:

Classe AB: renda domiciliar maior que R$4.807,00 mensais
 (representam 23% do total da população)
Classe C: renda domiciliar entre R$1.115,00 a R$4.806,00 mensais.
(representam 49% do total da população)
Classe D: renda domiciliar entre R$768,00 a R$1.114,00 mensais.
Classe E: renda domiciliar abaixo de R$768,00 mensais.
(Juntas as classes D/E representam 28% do total da população)

A divisão da sociedade em classes é uma realidade que não pode ser ignorada por nenhum de nós sob pena de sermos alienados ou no mínimo omissos.E não é uma questão de ideologia Capitalista ou Comunista, mas sim por constatar que parte da natureza da raça humana está baseada na relação de dominação.E tudo começa ainda dentro de casa porque uma das primeiras formas de hierarquização dos membros foi a divisão homem/mulher, quando os homens começaram a explorar as mulheres.E até hoje o salário médio de uma mulher é menor do que dos homens para o mesmo trabalho ou função.
São as classes sociais mais pobres desse país que precisam de uma política e de um carinho dos governantes não só para que elas se elejam, mas por uma questão de justiça social e melhor distribuição de renda. E nós eleitores de qualquer extrato social devemos enxergar a situação com esses olhos para que a nossa consciência fique tranqüila. É preciso querer o melhor para todos.
Porque, afinal, o destino do homem não se cumpre todo inteiro nesta terra.

sábado, 9 de outubro de 2010

Os reacionários estão de volta


Segundo a definição lexical da palavra “Reacionário” é o que se diz do individuo , movimento ou manifestação, que se opõe a quaisquer inovações no campo das atividades humanas.Da mesma forma que a palavra “conservador” é usada como adjetivo ou substantivo masculino para definir aquele que conserva ou quem se opõe a inovações ou reformas.
Dentro desse pensamento e dessa atitude reacionária encontram-se as igrejas de todas as denominações e grande parte da sociedade brasileira, fatia que, aliás, é representada quase que em sua totalidade pela elite econômica do país. Os reacionários são aqueles que defendem ou se colocam como guardiões do que se chama de vulgarmente de “valores tradicionais da família brasileira”. Toda sociedade é avessa ou teme mudanças porque pode mexer e comprometer posições já estabelecidas de poder. Por isso a elite sempre é avessa a mudanças e reage diante disso temendo pelo seu patrimônio. A igreja segue o mesmo padrão de reação, porque reformas progressistas podem ferir seus dogmas de fé.
Eu não me coloco ao lado dos reacionários, apesar de ter valores religiosos na minha conduta, como de ser contra o aborto por exemplo, porque não sou avesso a mudanças e acredito que muitas delas possam melhorar o país.Não estou contente com a distribuição de renda promovida pela elite que dirigiu o Brasil por mais de 500 anos.Apesar de ter educação e boas oportunidades na vida, eu me compadeço pelas pessoas menos favorecidas seja no meu estado e em todos os lugares do Brasil e do mundo.O estado onde nasci e moro, São Paulo, é um estado muito reacionário por ser um estado rico e repleto de desigualdes sociais e quem tem status e dinheiro não quer que as coisas mudem.Existe uma luta de classes aqui, mas ela é disfarçada.Toda vez que a os conservadores se sentem ameaçados recorrem aos ideais reacionários. Vale lembrar que foi graças a uma marcha de setores conservadores em São Paulo que ajudou a instalação ditadura militar no Brasil.
Todo esse espetáculo em torno de um tema tão sério como o aborto serve apenas para ativar esse pensamento reacionário da sociedade brasileira, carregado de preconceitos e oportunismos sem de verdade debater a questão. A única coisa positiva de tudo isso é que o relacionamento entre nós eleitores que temos idéias divergentes, nos tratemos não como adversários ou inimigos, mas saibamos discutir temas importantes para o nosso país cooperando para que ele melhore sempre. A consciência de nosso voto está intimamente ligada às informações verdadeiras que recebemos. Não esquecer que a mídia não é imparcial e por isso devemos impedir que ela manipule aquilo que é o maior instrumento da nossa liberdade: o pensamento.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

“Pior que tá não fica”

Por mais um dia, agonia, pra suportar e assistir
Pelo rangido dos dentes, pela cidade a zunir
E pelo grito demente que nos ajuda a fugir
Deus lhe pague
(Deus Lhe Pague - Chico Buarque)

O slogam,Pior que tá não fica”, escolhido por Tiririca extravasa os verdadeiros sentimentos populares com a política: o de descrédito, o da desonra e da avacalhação – com certeza causados por causa dos sucessivos escândalos de corrupção e falta de vergonha na cara dos políticos.Tudo isso estimula essa despotilização e deboche que culminaram na catarse popular expressada nas urnas pela  enxurrada de votos que recebeu o Palhaço. O estado mais rico e escolarizado da nação elegeu em primeiro lugar um humorista semi-analfabeto e em segundo um mestre em Educação e professor universitário, o Gabriel Chalita.  Essa esquizofrenia e incoerência entre as escolhas que as pessoas fazem podem ser duas coisas: Primeiro deixa claro o fosso que existe culturalmente e economicamente entre os eleitores de Tiririca e os de Chalita. Segundo é um sintoma claro do grau de desinteresse e da descrença da nossa sociedade com a política. Mas isso não nos beneficia, pelo contrário, beneficia justamente os infratores. Muitos deles foram reeleitos!
No caso de São Paulo fica clara a mania do paulista se achar o empreendedor, civilizador, um complexo de “Bandeirante” ridículo que no fundo é um preconceito. Como se fora do estado reine apenas a barbárie, a indolência, que só paulista trabalha, que SP leva o Brasil nas costas etc. O resultado disso é que São Paulo com toda sua pompa já elegeu candidatos como Frank Aguiar (PTB), o Cãozinho dos Teclados que nada de relevante fez para o estado e muito menos pelo país.A não ser ter gravado “Moranguinho do nordeste”. (Estava tão tristonho quando ela apareceu/Seus olhos, que fascinam logo estremeceu/Os meus amigos falam que eu sou demais/Mas é somente ela que me satisfaz”).Ainda bem ele não foi reeleito!
Nós que temos um pouquinho mais de acesso as informações temos que assumir o papel de formadores de opinião. Não que temos que induzir as pessoas a votar certo, mas pelo menos podemos conscientizá-las.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Memória Eleitoral- Presidentes da República

Mas do que bater boca é preciso saber e só se sabe conhecendo a história do pleito democrático que é a eleição para a Presidência da Republica. Consciência Política é essencial para o exercício pleno da cidadania.
O Brasil tem 193.733.795(cento e noventa e três milhões, setecentos e trinta e três mil, setecentos e noventa e cinco)  habitantes  cujos 135.804.433(cento e trinta cinco milhões, oitocentos e quatro mil , quatrocentos e trinta e três) são eleitores. São 9 candidaturas ao cargo de Presidente da Republica , 172 a Governo Estadual, 273 ao Senado Federal, 6.028 a Deputado Federal, 14.387 a Deputado Estadual.
 Os últimos Presidentes do Brasil foram José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso e Luis Inácio Lula da Silva. Após a morte de Tancredo Neves que tinha sido eleito por um colégio eleitoral derrotando a  Paulo Maluf,o Vice José Sarney assume a presidência da republica.E finalmente em 1989 começa a primeira campanha eleitoral para o voto direto para Presidente do Brasil. No primeiro turno em 15/11/1989 Collor de Melo obteve 20.611.011 votos contra 11.622.673 sufrágios dados a Lula,  assim, os dois candidatos passaram ao segundo turno que se realizaria em 17 de dezembro. Abertas as urnas o candidato do PT chegou a liderar parte da apuração, devido ao fato da apuração das capitais ser mais rápida que a das urnas do interior, mas ao fim a vitória coube a Fernando Collor – que obteve 35.089.998 votos contra 31.076.364 votos dados a Lula.
A eleição presidencial brasileira de 1994 foi decidida no primeiro turno quando Fernando Henrique Cardoso, candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), elegeu-se com 55% dos votos válidos ou 34.364.961 contra 27,04% ou 17.122.127 de Luis Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores(PT).
Na eleição seguinte, 1998, Fernando Henrique Cardoso foi reeleito em primeiro turno com cerca de 53% dos votos válidos ou 35.936.540. Em segundo lugar ficou Luiz Inácio Lula da Silva do Partido dos Trabalhadores (PT) com quase 32% dos votos ou 21.475.218. Ciro Gomes, então membro do Partido Popular Socialista (PPS), veio em terceiro lugar, com 7.426.190 de votos (quase 11% do total). Esta eleição trouxe o uso das urnas eletrônicas, que seriam utilizadas em todos os municípios no pleito seguinte.
A eleição para Presidente em 2002 foi em dois turnos. No primeiro turno, Lula obteve quase 40 milhões de votos, entretanto, não foi o suficiente para uma vitória em primeiro turno, uma vez que esse total não representou 50% do total de votos válidos. O resultado da eleição acabou sendo prorrogado para um segundo turno, o primeiro desde o pleito de 1989, quando Lula também foi um dos candidatos no segundo turno. A surpresa desse pleito foi Anthony Garotinho (PSB) com 15.180.097 ou 17,86% dos votos. No segundo turno, com o apoio dado por Ciro e Garotinho a Lula, Serra ficou isolado na disputa. O resultado foi a eleição de Lula com 52.793.364 ou 61,27% dos votos frente aos 33.370.739 ou 38,72% de José Serra.
Novamente em 2006 a eleição presidencial foi decidida em dois turnos. Lula do PT obteve 46.662.365 ou 48,61% dos votos contra 39.968.369  ou 41,64% de Geraldo Alckmin candidato do PSDB.Porém no segundo turno, o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi reeleito para mais quatro anos de governo no Brasil. Lula obteve 58.295.042 (60,83% dos votos válidos), contra 37.543.178(40,17% dos votos válidos) de Geraldo Alckmin.

Memória Eleitoral- São Paulo

Para votar é preciso ter também memória, é preciso saber os dados e as estatísticas, o voto além de um processo de decisão consciente precisa também de informação. O brasileiro não é mais um povo sem memória e sem história, e o nosso interesse crescente pelas eleições só enriquece ainda mais nossa jovem e maravilhosa democracia.
O meu domicilio eleitoral , São Sebastião-SP, tem 73.631 habitantes com 52.146 eleitores.O Estado de São Paulo com seus 645 municípios e população de 41.384.039(quarenta e um milhões, trezentos e oitenta e quatro mil e trinta e nove) habitantes, possui 30.301.398(Trinta Milhões, Trezentos e um mil, trezentos e noventa e oito) de eleitores que elegem 94 deputados estaduais e 74 Deputados Federais.São Paulo possui 9 candidatos a governador, 18 ao senado, 1.276 para Deputado Federal e 1.976 para Deputado Estadual.Na Eleição de 2006 o Deputado Estadual eleito mais votado foi Pedro Tobias/PSDB com 228.325 votos e o menos votado e eleito foi Lelis José Trajano/PSC com 29.515 votos.O Deputado Federal mais votado e eleito foi Paulo Salim Maluf/PP com   739.827 e a menos votada e eleita foi Aline Lemos Correa de Oliveira Andrade/PP com 11.132
Eduardo Matarazzo Suplicy/PT foi o Senador eleito pelo estado com 8.986.803 o segundo colocado e não eleito nessa eleição foi Guilherme Afif Domingos/PFL com 8.212.177. José Serra/PSDB foi eleito Governador do Estado em primeiro turno com 12.381.038 de votos ou 57,92% do eleitorado derrotando a Aloizio Mercadante/PT com 6.771.582 de votos ou 31,68% do eleitorado.