Na minha época brincar de “lutinha” era uma das brincadeiras de menino mais populares. E eu gostava muito de ver boxe quando assistia a Mike Tyson trucidar seus adversários em segundos. Hoje o evento conhecido como Ultimate Fighting Championship, o UFC, onde os lutadores competem lutando o MMA (Mixed martial arts), é uma verdadeira febre e cresce muito a sua popularidade. O que há muito tempo detonou entre os adolescentes e jovens uma moda de praticar jiu-jítsu e artes marciais. Dando apoio a outra moda, a dos “bombadões” e seus cães Pit bulls.
Meu único contato com esse “esporte” foi quando acompanhei Royce Gracie conquistar o UFC 1 em 1993 com os golpes famosos “mata-leão” e “chave de braço”.Mas eu ainda sou da época do Karate Kid e me emociono até hoje com o golpe final do filme, o golpe da garça, as mãos imitando as asas do pássaro e depois um chute de pé trocado no rosto do adversário.
Porém nesse sábado me juntei com alguns amigos num bar para assistir as grandes lutas do evento que foi realizado no Rio de Janeiro e o que vi foi nosso lutador, Anderson Silva, dar um show de técnica e lembrar um pouco o grande Muhammad Ali, o melhor boxeador de todos os tempos, com sua irreverência, e para usar uma gíria carioca, “marra”.A luta foi fácil demais, mais divertida, não pela violência, que não há como se negar está presente no esporte, mas pela plasticidade de um massacre.Explico.
Na relação que permeia o contato entre os machos da espécie humana é comum a busca da vitória física, ou simbólica, de um homem sobre o outro, e assim tanto nas brincadeiras, como na vida real quando a transferência da masculinidade se dá através do carro potente, do som alto, da camionete imponente e tudo que os homens gostam de usar para se sentirem valorizados. É fato que o homem precisa aniquilar o outro para afirmar sua identidade, faz parte da natureza humana masculina. As interações entre nós homens enfatizam a dominação e ao mesmo tempo o narcisismo, a adoração por si e por suas próprias capacidades. Mas a aniquilação é sempre simbólica, a idéia central é tornar o outro inferior. O código masculino reza que o homem deve ser ativo, dominante, violento, hierárquico e repelir o feminino de sua subjetividade a qualquer custo. De uma maneira geral é claro, porém sempre há exceções. Mas a testosterona é forte, “parceiro”.
O interessante de Anderson Silva é notar que na “vida real” ele não tem essa atitude imponente de “macho-alfa”, sua voz é fina, ele é educado e possui uma família normal, nada compatível com a imagem de um lutador implacável que parece ser invencível dentro do ringue octogonal. Eu ainda sou da época onde se combinava o bordão “macho que é macho” com dizeres como “não chora”, “não sente dor” e “masca abelhas ao invés de tomar mel”.Porém sempre houve suavidade mesmo nos mais “machos”, porque é como diria Jean Claude Van Damme, um lutadores ídolos da minha época: “Não importa o que qualquer jornal diga sobre mim eu sou um dos seres humanos mais sensíveis na terra”.
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