quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Burgueses sem religião

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação

(Geração Coca-Cola – Legião Urbana)

Quanto mais segura uma pessoa se sente dentro do mundo, financeiramente falando, tanto menos necessitará refugiar-se em projeções religiosas, místicas ou soluções de conto de fadas para os problemas eternos de sua existência e tanto mais se permitirá buscar interpretações racionais. Muitos são os que rendem culto ao capital porque para eles o verdadeiro Deus do mundo é o DINHEIRO. O materialismo desenfreado é que é o verdadeiro demônio que reina nesse mundo de almas empoeiradas e insensatos corações.
Max Weber afirmava que : “À medida que a sociedade evolui economicamente, a religiosidade tende a diminuir”, os burgueses, quase todos eles, não precisam de religião, não precisam acreditar em Deus porque o dinheiro é capaz de suprir todas as suas necessidades. A felicidade é apenas uma questão de preço. Mas para o azar deles ela fica a cada dia mais cara, a cada dia eles precisam de mais e mais e mais e mais para serem felizes. A bolsa Lui Vitton lança um novo modelo a cada nova estação.
Há uma tendência natural de nós seres humanos vermos o mundo apenas através de nossa cultura, e como conseqüência dessa visão ficamos propensos a considerar o nosso modo de vida como o mais correto e o mais natural (isso é denominado etnocentrismo), depreciando o comportamento daqueles que agem fora dos padrões de nossa comunidade – discriminando o que pelos nossos olhos míopes consideramos comportamento desviante. Alimentar os pobres, dar a eles um pouco de dignidade porque “eles” não tiveram as mesmas oportunidades de ensino, de saneamento básico, de estrutura familiar, de lazer e de cultura parece não ser correto aos olhos da burguesia do centro-sul desse país. Agora no Brasil querer que haja uma distribuição mais justa dos recursos e uma rede de proteção social que compense os 500 anos de domínio de oligarquias, de coronelismo, de burguesia corrupta e inescrupulosos empresários é chamado de comunismo ou socialismo. Justiça social não tem rótulos.
A resposta a esses ignorantes é o conceito europeu do welfare state, o estado de bem-estar, no qual as classes podem coexistir em harmonia e sem graves distorções sociais. Querer que o próximo tenha uma vida digna e feliz não é comunismo nem socialismo, é humanidade. Porém mesmo na Europa, que agora passa por uma grave crise, o estado começa a tirar daqueles que precisam para beneficiar os bancos e especuladores. No Brasil essa situação pode também acontecer na medida em que se tentará convencer o povo que quem é pobre é pobre porque não gosta de trabalhar, porque é preguiçoso, que “o povo do nordeste” é sustentado pelo “povo do sul”.Uma mentalidade individualista então nasce para justificar a sonegação fiscal e a desonestidade.Porque essas pessoas pensam que o imposto que elas pagam não deve servir para “sustentar vagabundos”.
As graves distorções sócias desse país perduram porque há entre nós fariseus perversos que pagam salários injustos, que sonegam impostos, que discriminam, que ignoram que vivemos num país injusto e profundamente desigual desde nossa colonização. “Eles” se esquecem que devemos amar nosso próximo assim como amamos a nós mesmos. A espiritualidade serve justamente para nos tornarmos menos máquinas e mais humanos, menos egoístas e plenamente conscientes que todos os nossos atos são passiveis de recompensa ou castigo sobrenatural.

Nenhum comentário:

Postar um comentário