As diferenças de comportamento entre as pessoas com as quais
convivemos me faz acreditar que neste planeta coexistem ao mesmo tempo seres
humanos com os mais variados graus de evolução espiritual. Numa escala que conta
desde pessoas que se preocupam apenas com a sobrevivência e em estar vivo até
aqueles cuja auto aceitação reconhece e aceita as suas próprias deficiências e
faltas, como meras etapas ao longo do caminho para adquirir mais habilidades. Nessa
escala cabem todas pessoas do mundo e sua evolução espiritual não é medida pelo
seu status social ou bens, muito pelo contrário, o que torna alguém mais evoluído
é justamente desfrutar dos prazeres da vida, sem estar apegado a qualquer um
deles.
Isto explica porque muitas vezes temos que lidar com pessoas
tão diferentes de nós mesmos, passar por situações de muito conflito e conviver
com seres absolutamente hipócritas e insensatos. Explica porque muitas vezes em
alguns lugares nos sentimos “peças redondas nos buracos quadrados”, porque
incomodamos os outros sem saber porquê ou causamos boa impressão sem precisar
fazer força. Não sou capaz de saber com certeza (seria presunção ou vaidade,
duas características de pouca evolução) em qual grau estou, mas posso arriscar
em qual não estou. Não estou entre aqueles que buscam reconhecimento motivados
pelo ego. Estou entre aqueles que buscam o desenvolvimento pessoal ao longo de
um caminho que seja natural. Não estou entre os preconceituosos, racistas e
orgulhosos. Estou entre aqueles que respeitam as visões do mundo dos outros e
seus hábitos, costumes e culturas, mesmo que não concorde com eles.
O caráter das pessoas quando não se revela na linguagem,
cedo ou tarde transparece através dos atos, muitos dos materialistas tentam
escamotear seus verdadeiros interesses se travestindo de espiritualizados, no
entanto seu real propósito de vida claramente aponta para o material. Mais do
que enganar aos outros, enganam a si mesmos sem medidas. Há quem se considera evoluído,
mas revela seu atraso quando expõe seu anseio de justiça que cheira a vingança.
Seres de pouca evolução escolhem suas vítimas entre as
pessoas honestas e seja qual for a posição social que ocupem, o brilhante verniz
da civilização não os livra do opróbrio e da ignomínia. Assim convivemos com
aqueles que julgam saber mais do que realmente sabem. Tem aqueles que nem são
bastante bons para fazerem o bem, nem bastante maus para fazerem o mal. Mas tem
também aqueles cuja qualidade principal é a bondade, porém seu saber é bastante
limitado, seu progresso realizou-se mais no sentido moral do que intelectual. Convivemos
com aqueles que são dotados de uma capacidade intelectual que lhes permite
julgar com precisão os homens e as coisas, porém incapazes de fazer uma
autocritica, de ver em si mesmos, os defeitos que tanto apontam nos outros. Tem
aqueles que ainda, ao estarem filiados a uma crença ou religião pensam estar
num patamar superior aos demais e é justamente este falso pedestal que os
rebaixa.
Quem está aqui, seja lá em qual grau de evolução esteja,
admira a virtude, mas não consegue vencer o vício. Exalta a palavra mansa dos
quais admiras, mas frequentemente cai na expressão agressiva e violenta. Nós na
maioria das vezes queremos o bem, mas muitas vezes nos envolvemos com o mal. Enfim,
evolução não é uma questão de competição, de ser melhor ou pior que alguém, é
vencer a si mesmo, estar sempre cheio de curiosidade, em busca da virtude, a procura
de um ideal e com uma inquietação profunda de aprender e evoluir.
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