quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A cracolândia e a Suíça Brasileira

Todo mundo sabe. No centro da maior e mais rica cidade do país, São Paulo, existe uma área denominada cracolândia, onde o crack é consumido por centenas de pessoas a luz do dia e a noite toda. Não tenho dúvidas que existem várias ações do poder público contra essa abominável prática do consumo desenfreado de drogas, mas até agora elas não foram suficientes e nem surtiram efeito algum. Dessa forma, São Paulo vai sendo obrigada a conviver com esse “monumento” da degradação humana a céu aberto.
O governo do Estado de São Paulo anuncia investimentos de quase R$ 100 milhões em um centro de tratamento de esgoto em Campos do Jordão, a “Suíça Brasileira” como é também conhecida, um dos destinos turísticos favoritos da Classe média paulista em meses de inverno. Apesar da beleza da cidade, de fato agradável e muito gostosa para passeios, é notório o mau cheiro em seus pequenos rios que mais parecem córregos, o Sapucaí-Guaçu, Perdizes e Capivari. O Mau cheiro ofende os narizes sensíveis desses pobres paulistanos que de passeio pelas ruas frias da cidade entre chocolates quentes e cappuccinos se sentem incomodados. Na estância turística paulista, além das luxuosas casas de temporada, dos hotéis cinco estrelas (alguns com diárias de R$ 1.300) fica também a residência de inverno do governador.
Há um elo entre a Cracolândia e a “Suíça Brasileira”, antigamente Campos do Jordão foi uma estância de tratamento de doentes Tuberculosos por causa do clima, hoje a cidade de 46 mil habitantes chega a receber 500 mil visitantes num mês de temporada é área de preservação ambiental e de fato merece ser tratada com carinho. Mas o Estado de São Paulo talvez tenha prioridades maiores. O próprio município por ser rico poderia viabilizar a obra. Com um PIB per capita de R$ 10.482 e com uma receita municipal de cerca 100 milhões de reais anual daria par realizar a obra da ETE numa parceria entre o governo local e a iniciativa privada interessada em melhorar a cidade.
Saneamento básico é algo de fato básico em qualquer cidade, mas será que é assunto prioritário do estado cuidar do mau cheiro nos “córregos” da rica Campos do Jordão ou tentar de uma vez por todas combater o crack na capital? Fico imaginando se não seria uma ação mais urgente construir com esse montante um imenso hospital, com todas as modalidades de tratamento, para tratar dos viciados que se acumulam nas ruas do centro como se fosse “lixo humano”, como se vagassem num umbral ou num limbo despossuídos de suas almas. E nada de tomar medidas “higienistas” removendo os usuários para que os habitantes não sejam mais obrigados a conviver com essa miséria humana, mas cuidar deles e não varrer pra de baixo do tapete essas pessoas.
O mau cheiro dos córregos de Campos do Jordão pode sim esperar um pouco mais, porque tem outras coisas mais “fedidas” por aí que precisam de uma resolução mais urgente.

Um comentário:

  1. Concordo contigo André. É preciso priorizar. Mas a prioridade varia de acordo com o governante. A grande raiva das classes média-alta foi que a classe C pode comprar a linha branca a juros baixos e a doméstica agora pode ter uma máquina de lavar, e a classe D pode comer feijão a abrir conta em banco e ter luz na roça. Essa foi a prioridade do último presidente. Não é a do governo do estado, tenho certeza! Aliás, assisti ao jornal da globo de SC dia 15/11 último onde o comentarista acusa os pobres pelos acidentes nas estradas: "agora qualquer miserável pode comprar um carro", disse ele.
    Assustador! Veja aqui: http://www.youtube.com/watch?v=uwh3_tE_VG4&feature=player_embedded

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