Nesse momento, de conflito e confronto entre os agentes de segurança e os bandidos, eu que sou paulista me coloco ao lado dos cariocas, lado este em que já estive fisicamente quando morei alguns anos da minha vida no Rio de Janeiro e em Niterói. Já me senti carioca um dia e até hoje ainda me sinto ao me recordar da cidade fluminense sempre sorrindo pro mar. Ao lembrar os amores, amigos e amigas cariocas de fala arrastada com seus erres e esses, e bom humor. Ainda há no meu peito um invisível dragão tatuado de menino do rio.
Sempre tive a impressão de que o Rio de Janeiro era ao mesmo tempo a cidade mais linda e mais abandonada do mundo inteiro. Linda porque a junção de belezas naturais, urbanas e humanas proporciona uma experiência única em qualquer viajante. E dá aos cariocas uma sensação de que o Rio é prazer e dor, relaxamento e um céu e inferno ao mesmo tempo.
Cidade mais abandonada do mundo, “cidade partida” como diria Zuenir Ventura, quase, quase uma faixa de gaza, um meio Iraque, um terço de Vietnã, a violência urbana é resultado de uma violência política operacionalizada pelo abandono do estado, pela transformação das comunidades em currais eleitorais, porque o interesse eleitoral sempre foi colocado a frente do interesse publico e do social.
É muito fácil pra quem não mora numa favela, que são verdadeiros guetos e não condomínios, dizer que tem que remover a população das casas e jogar uma bomba lá pra matar os traficantes. Não quero ver sangue, não quero ver ninguém sendo morto, quero é justiça pro Rio de Janeiro e pros cariocas, tráfico de drogas sempre vai existir porque sempre haverá viciados e gente vendendo pra eles, o que não pode haver é crime organizado e com armas na mão.
As UPPs são apenas o primeiro passo de uma longa jornada, a guerra do Rio que parecia perdida agora dá sinais de que há novidades no front, há esperança, há um novo Rio nascendo, um novo país que já não ignora mais as guerras invisíveis que estão sendo travadas desde o nosso “descobrimento”.
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