quarta-feira, 4 de maio de 2011

O contra-terrorismo americano


“Deus tem uma tarefa para nós. Talvez a nossa missão seja salvar a alma dos Estados Unidos. Não podemos salvar a alma desta nação atirando tijolos. Não podemos salvar a alma desta nação pegando nossas munições e saindo disparando com armas físicas. Temos que saber que temos algo muito mais poderoso. Basta adotar a munição do amor.”
Martin Luther King, 1963

Todos os terroristas suspeitos de estarem envolvidos nos atentados de 11 de setembro nos EUA foram presos e levados a prisão em Guantánamo em Cuba. E lá permanecem sendo torturados com as técnicas mais absurdas que afligem todos os direitos humanos já estabelecidos. Veja reportagem a respeito aqui. Usam em seus interrogatórios “técnicas” como o afogamento, a privação do sono, a permanência do interrogado de pé durante muitas horas, exposição ao frio e à fome e variados tipos de intimidação.Nós brasileiros ainda temos bem claros na memória a tortura praticada na época da ditadura e seria absurdo compactuar com essa atitude truculenta americana.Digo brasileiros conscientes, porque não se pode esperar muita coisa de brasileiros alienados.
A declaração universal dos direitos humanos em seu primeiro artigo diz:
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Matar alguém desarmado como está sendo alegado pelos EUA é um contra-terrorismo, é pagar na mesma moeda e uma afronta a todas as conquistas civilizatórias da humanidade até hoje.
A morte de Osama segue a “Lei de Talião” que tem como máxima “olho por olho e dente por dente”. Ela pertence ao Código de Hamurabi, que data de 1780 a.C., no reino da Babilônia. Porém desde essa época, afinal estamos em 2.011 depois de cristo, ou seja “apenas” 3.790 anos a frente desses tempos, deveríamos ter evoluído um pouco, ou não?
A celebração truanesca americana após o anúncio da suposta morte de Bin Laden, por eles se sentirem vingados com seu assassinato, são o retrato de uma sociedade baseada na retribuição violenta, na retaliação infantil e na compensação da morte pela morte com o uso indiscriminado e ilimitado da força para se conseguir os objetivos.Eu tenho opinião e certamente sob o aspecto da violência injustificada de parte a parte, não concordo com tal comemoração. A morte de Bin Laden não compensa a morte das vitimas do 11 de setembro, apenas rendem capital político a Obama.Refletem a imaturidade de toda uma sociedade e revelam o que estava oculto.O ódio coletivo.
Tudo que for veiculado e divulgado a respeito desse assunto estará contaminado, não há credibilidade , nem ética e nem isenção por parte da grande mídia que está toda comprometida com os ideais de vingança e violência americanos.Sob este ponto de vista, Barack Obama é uma decepção, não difere em nada de seu colega George Bush, é farinha do mesmo saco.Diante do desafio de prender um terrorista e julgá-lo,  ele agiu com frieza e usando uma ética da Lei de Talião, não lembra nem um pouco aquele líder pacifista que nós tínhamos erroneamente vislumbrado nele.
Eu já fui muitas vezes aos EUA, porém sempre fui contra seu imperialismo e nunca fui anti-americano, na verdade não sou anti nada, quero apenas ser antídoto contra  a ignorância. Nunca admirei a cultura americana consumista e belicosa, mas admirava sua capacidade de integração entre pessoas de todo o mundo, nunca admirei o “american way of life”, mas sempre gostei do jazz, do rock, dos escritores como Mark Twain ou Walt Whitman entre muitos outros.Nunca gostei do lixo enlatado americano, mas gosto de torta de maça.
Já consumi seu fast food, seus filmes blockbusters e musica pop, hoje não gosto mais, prefiro comida natural, prefiro seu cinema independente e músicos mais clássicos.
E é por tudo isso que me sinto entristecido com os americanos, eles estão sendo tão mesquinhos e pequenos com relação a esse assunto que nos desanima acreditar que algum dia serão diferentes.

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